As meninas nunca deviam ser
fechadas a sete chaves. Os sonhos nascem da carência. O príncipe encantado é um fantasma gerado pela falta de amor. As paredes
transpiram desejo de liberdade. Mas o paradoxo do prisioneiro, descrito
por Kafka, é inevitável: se, por um lado, a vontade do recluso está toda
voltada para um único ponto de fuga –
ou antes, de evasão – que orienta a perspectiva global, por outro, é preciso
sobreviver à clausura e, para tanto, tornar a cela confortável ou, pelo menos,
habitável. Forrar as paredes,
decorá-las, grafitá-las. Ora, a liberdade é sempre condicional, condicionada. O
horizonte está sempre tapado por
paredes. Se o interior é, por
essência, uma jaula, o exterior é um
labirinto. E o dentro só se distingue do fora pelo tecto, não pelas paredes. E pelos respectivos ocupantes. Dentro,
está-se em casa. Fora,
circulam minotauros e caçadores de minotauros,
e meninas amedrontadas, sacrificadas aos monstros. E talvez outras criaturas,
tímidas ou envergonhadas, que inscreveram nas paredes a sua fome ou a sua
profusão de amor, criaturas enclausuradas
que sofrem de idênticas privações e em quem a prisioneira, sem as ver,
reconhece, as suas semelhantes, as suas irmãs. Uma solução consistiria
em interiorizar as paredes da cidade,
com os seus azulejos, os seus cartazes arrancados e os seus graffitis, com os
seus contos, as suas promessas, os seus gritos – pois as paredes são faladoras
para quem sabe escutá-las –, em transportá-las para dentro de casa, em pendurá-las como um correr de janelas tapadas nas paredes interiores da cela
mental, em responder ao apelo
que elas lançam. Porque a liberdade fica sempre do outro lado. Do lado de cá, há
os dias contados, as declarações riscadas, as lágrimas contidas, os encontros
falhados, os recados rasgados, os desejos
emparedados, o pesar dos arrependimentos. F
|
O Carteiro toca sempre duas vezes, bicicleta + cartas de amor |
|
Palavras leva-as o vento, video 5`loop |
|
Palavras leva-as o vento, cata-vento-origami |
|
porm. Galeria |
|
porm. Galeria |
|
O que o tempo tras o vento leva, 150x170cm |
|
Vai e Volta, 210x200cm |
|
Amo-te, 14x14cm |
|
Performance: Pedro Moura, Guitarra Portuguesa |
|
|
Galeria Edge Arts |
|
Sabias que as paredes têm ouvidos |
|
porm. Galeria |
|
Coração Independente, 150x100cm |
|
|
porm. Galeria |
|
Vaie Volta, 210x200cm + baloiço em cerâmica +corda |
|
Uma Declaração de Amor não deve ser Legível, 100x240cm |
|
Cabra Cega, 170x200cm |
|
porm. Galeria |
|
porm. Galeria |
|
Isto é uma carta de amor, aviões-origami |
|
Palavras leva-as o vento, I, II, 26x26cm em cerâmica |
|
porm. Galeria |
|
porm.avião-origami |
|
porm.avião-origami |
|
s/título,caixa de madeira e orelha em borracha liquida |
|
Mai vale um passaro na mão que dois a voar, II, 120x350cm |
|
porm. Galeria |
|
porm. Galeria |
|
porm. Galeria |
|
Para que servem os muros, paraguadar segredos, 100x 140cm (díptico) |
|
porm. Galeria |
|
porm. Galeria |